Embarcadouro de Fontão
Ponto de interesse

Embarcadouro de Fontão

Fontão terá sido desde tempos recuados, que remontam pelo menos à época medieval, local de travessia do rio Lima, permitindo a passagem a vau para o lugar de Barco, na outra margem, pertencente à atual freguesia de Vitorino das Donas, onde terá existido o povoado tardo-romano de Nossa Senhora do Barco. Note-se a existência de vestígios de ocupação medieval nas imediações da Capela de São Cristóvão. Sublinhe-se ainda a proximidade da Estrada Real 25, construída na segunda metade do século XIX, que unia Viana do Castelo a Ponte de Lima, comprovando a importância geoestratégica deste cais no que respeita à convergência de acessibilidades terrestres e fluviais, nas ligações litoral – interior e Norte – Sul. Vários autores afirmam que o traçado da Moderna «Estrada Real» recalcou os caminhos medievais que, por sua vez, assentaram sobre o leito dos caminhos romanos. Esta hipótese poderá aqui ser defendida pela presença de vestígios de ocupação romana desde Lanheses a São Pedro de Arcos.

Neste sector do rio Lima, o encontro entre as correntes que vem de montante e as influências das marés que sobem o rio até Fontão seria especialmente favorável à realização da travessia a vau.

À semelhança do embarcadouro de Fontão, eram numerosas as pequenas estruturas de acostagem nas margens do rio Lima. A localização destes pequenos cais é influenciada pelas condições de acesso e ancoragem ditadas pelas características do leito e das margens, bem como pela necessidade das populações ribeirinhas no que concerne ao transporte fluvial. Muitas vezes estes pontos de acostagem encontravam-se associados a locais de travessia do Lima que ligavam aglomerados populacionais importantes. Correspondem, na sua maioria, a estruturas palafíticas, constituídas por estacarias, plataformas flutuantes e postes de amarração.
Considerando que as condições de navegabilidade do rio Lima se alteraram substancialmente ao longo do século XX, será importante referir que em séculos anteriores o rio era navegável desde Arcos de Valdevez, onde é conhecida a importância do embarcadouro da Jolda (Santa Madalena), até à sua foz em Viana do Castelo.
Dos principais ancoradouros situados nas margens do rio Lima partiam os água-arriba, embarcações tradicionais que asseguravam a ligação entre margens e o transporte de pessoas e carga para as duas feiras mais importantes da região do vale do Lima: a Feira de Ponte e a Feira de Viana. Os compartimentos disponíveis eram ocupados pelos animais, pelas mercadorias e pelas pessoas. O escoamento comercial da madeira e do vinho verde produzidos no vale do Lima contava com o apoio indispensável destes barcos. No sentido oposto, o sal, a cal, os adubos, o sulfato e o enxofre eram fornecidos às comunidades agrícolas por via fluvial.

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