Vestígios mineiros (adjacente ao percurso)
Ponto de interesse

Vestígios mineiros (adjacente ao percurso)

Encontramo-nos numa linha de contacto entre o maciço granítico central da Serra de Arga e uma extensa mancha de xistos negros, onde intrusões de filões aplo-pegmatíticos. Esta imponente vertente corresponde a uma importante falha tectónica, conhecida por desligamento Vigo-Régua, de orientação NNE-SSW. A falha encontra-se associada à zona de cisalhamento mineralizada de Argas-Cerquido (Gomes, 2008:88).

Numerosos vestígios testemunham a existência da atividade mineira, desde a romanização. Na época contemporânea, a exploração mineira na Serra de Arga iniciou-se na década de 40 do século XX, tendo-se mantido até aos anos 70 ou mesmo 80. À saída do Cerquido em direção a Arga de Cima, podem observar-se as escombreiras e edifícios da antiga mina do Fulão, exploração mineira de volfrâmio, estanho, tântalo e ouro, cuja concessão era da responsabilidade da empresa MIPOLI – Minas de Ponte de Lima. As construções ainda visíveis, as designadas ‘Casa do Pessoal’ e ‘Casa da Direção’, serviram para albergar antigos trabalhadores mineiros e engenheiros e direção da concessionária. Ao fundo, junto ao ribeiro, funcionava a lavaria desta concessão.

Mais acima, no lugar da Bouça do Abade, encontrava-se a mina do “Cavalinho”, cujos vestígios se podem observar junto à estrada que liga o Cerquido a Arga de Cima. Trata-se de uma antiga exploração mineira de volfrâmio e estanho da responsabilidade da empresa Entreposto Mineiro do Minho, em funcionamento na década de 40 do século passado. Presentemente ainda é possível observar uma galeria e uma trincheira. Por cima das minas, junto à estrada, encontra-se uma escombreira de dimensões consideráveis. Próximo da galeria existe, também, uma casa de xisto que corresponde ao local da antiga lavaria manual. Mais em baixo, encontra-se o antigo paiol.

Estes vestígios encerram memórias do tempo da exploração do “ouro negro”. Conforme refere Fina d’Armada (2008, pp. 179) “a febre das minas do volfrâmio atingiu a gente de Riba de Âncora” que se deslocou até à Serra d’Arga à procura do minério. O Cerquido foi a localidade escolhida para morarem, durante a semana, devido à proximidade das minas a explorar. No entanto, as condições de habitabilidade não eram as mais favoráveis. Narra ainda que “A viagem do Cerquido às minas era aí de meia hora. Olha pelo caminho dava-nos fome e íamos à saca e comíamos já tudo pelo caminho. Depois não tínhamos mais nada para o resto do dia …”.

ARMADA, Fina d’ (2008). Mulheres de Riba de âncora na febre do estanho e do volfrâmio. In Estudos Regionais, II Série, n.º 2.
CARNEIRO, Ana Lúcia Pereira (2015). O potencial turístico do património mineiro de Ponte de Lima: um passado com futuro. Dissertação de Mestrado, Universidade do Minho.
GOMES, C. L., ALVES, R. C., BENTO, V., & LIMA, F. (2008). Fisiografia e geomorfologia. In: Alonso, Joaquim Mamede, ed. As condições naturais e o território de Ponte de Lima. Município de Ponte de Lima, Ponte de Lima.

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