Miradouro para o vale de Estorãos
Ponto de interesse

Miradouro para o vale de Estorãos

A partir da vertente oriental da Serra de Arga, avista-se o vale do rio Estorãos, que no seu curso alto, entre Moreira do Lima e Cabração, possui um trajeto quase retilíneo, aproximadamente Norte – Sul, condicionado por uma importante falha tectónica, conhecida por desligamento Vigo - Régua, de orientação NNE-SSW, associado à orogenia* tardi-varisca, que ocorreu há cerca de 300 milhões de anos. Esta falha contribuiu para a elevação da Serra de Arga, por nova movimentação tectónica durante a orogenia alpina, no cenozoico inferior, entre 65 e 34 milhões de anos.

No seu sector terminal, o rio Estorãos apresenta um vale aberto, atravessando a depressão alveolar de Bertiandos, onde se desenvolve a Área de Paisagem Protegida das Lagoas de Bertiandos e São Pedro de Arcos.

Numa segunda linha de horizonte, estendem-se as férteis veigas da planície aluvial do rio Lima, onde se observa a milenar paisagem humanizada da Ribeira Lima. Nesta fértil várzea de solos aluvionares, o intenso e ancestral uso agrícola, encontra-se inserido numa matriz de povoamento contínuo, embora disperso e de baixa densidade. A agricultura, caracterizada pelo minifúndio e pela policultura, à exceção de casos restritos de emparcelamento e especialização, frequentemente associados à cultura do Vinho Verde, assume uma presença preponderante.

Na margem esquerda do Lima, elevam-se os maciços graníticos das serras da Nora e da Padela, culminando a 577 metros de altura a primeira e a 487 metros a segunda, entrecortadas por amplos e profundos vales.

Na Ribeira Lima a ocupação antrópica encontra-se documentada desde a transição entre a Idade do Ferro e o Alto Império romano, sendo a atratividade deste espaço determinada pela sua excelente aptidão agrícola, pela presença de recursos minerais e influenciada pela existência de pequenas elevações que oferecem boas condições defensivas a nível morfológico e geoestratégico. Multiplicam-se os locais onde a descoberta de vestígios de datação romana, tardo-romana ou mesmo medieval, em conjugação com as condições de implementação dos habitats ao nível da fertilidade dos solos, disponibilidade hídrica, declive e exposição, testemunham a densa ocupação deste durante a romanização, por castros agrícolas, casais romanos, povoados mineiros, verificando-se, frequentemente, a persistência destas ocupações na Alta Idade Média.

Azevedo, M.R., Valle-Aguado, B., 2006. Origem e instalação de granitóides variscos na Zona Centro-Ibérica. In: R. Dias, A. Araújo, P. Terrinha, J.C. Kullberg, (Eds), Geologia de Portugal no contexto da Ibéria. Universidade de Évora, Évora, 107-121.
Dias, P., 2012. Análise estrutural e paragenética de produtos litológicos e mineralizações de segregação metamórfica: estudo de veios hiperaluminosos e protólitos poligénicos silúricos da região da Serra de Arga (Minho). Tese de doutoramento, Universidade do Minho (não publicada), 466 p.
Dias G. (1987) Mineralogia e Petrologia dos granitos Hercínicos associados a mineralizações Filonianas de Sn-W (Minho Portugal). Tese de Doutoramento, Universidade do Minho, Braga.
Leal Gomes, C. (1994). Estudo estrutural e paragenético de um sistema pegmatóide granítico – O campo filoneano de Arga – Minho (Portugal). Tese de Doutoramento, Universidade do Minho (não publicada), 695 p.
RIBEIRO, A. et al. (1979). Introduction à la géologie général du Portugal, Publ. Serv. Geol. Portugal.

(*Uma orogenia é uma fase de formação de cadeias montanhosas que ocorre ao longo de milhões de anos. NNE-SSW a ENE-WSW e NW-SE a NNW-SSE correspondem a falhas de desligamento geradas no primeiro episódio de fracturação tardi hercínica (A. Ribeiro et al, 1979).)

Políticas de cookies - Saiba mais aqui