Ponte da Freixa e Rio Estorãos
Ponto de interesse

Ponte da Freixa e Rio Estorãos

A ponte da Freixa, sobre o rio Estorãos, é uma estrutura viária cuja construção deverá recuar, provavelmente à centúria de oitocentos, servindo uma das variantes da Estrada Real de ligação entre Viana do Castelo e Ponte de Lima, que passava à Igreja Paroquial de Fontão, à Quinta da Lage, à Igreja Paroquial de São Pedro de Arcos e à Quinta de Pentieiros, ponto a partir do qual se podia seguir para a Ponte de Estorãos ou para a Ponte da Freixa, conduzindo a Bertiandos, pelo lugar da Cárcua, esta última alternativa apenas viável fora do tempo das cheias.

José Veiga de Araújo (1962, pp.79-80) em “Caminhos Velhos e Pontes de Viana e Ponte de Lima”, descreve o traçado desta variante:

Voltando atrás à bifurcação da estrada velha logo após a tão curiosa ponte de Fontão, vamos agora palmilhar o celebrado e velhíssimo caminho de cima que, para já, nos leva à ponte de Esturãos. Seguia ele a estradinha (agora empedrada à moderna) que passa junto do portal armoriado da Quinta do Retiro, (século XIX, princípios), tornaria, por ocidente, o lugar do Outeiro, iria por detrás da actual Igreja paroquial de Fontão e viria ao larguinho junto do Senhor das Necessidades, onde se lhe juntava o caminho que vinha da Serra de Arga e ainda hoje segue quem, lá de cima, vem, a pé, para a feira de Ponte. […] Dali, em zig-zagues - alguns troços ainda lageados mas dentro já, de propriedades particulares, passaria pelo sul da Quinta da Lage e devia passar junto da igreja paroquial de São Pedro de Arcos depois de correr por umas alminhas curiosas que ainda se vêem no meio de um cerrado pinheiral. Seguiria até à Portela, trilhando o piso da actual estrada camarária e atravessando-a, para Paredes e Pentieiros, passando à porta desta interessantíssima casa. Um pouco mais à frente junto do cruzeiro de Pentieiros, havia nova bifurcação; uma estrada seguiria até à ponte de Esturãos. Outra de que falaremos mais adiante atravessava a ponte da Freixa e a do Arquinho e entraria no lugar da Cárcua, em Bertiandos, junto do cruzeiro paroquial.

Sobre o trajeto compreendido entre o cruzeiro de Pentieiros e o lugar da Cárcua, freguesia de Bertiandos, descreve-nos José Rosa de Araújo (1962, p. 85):
Sai, como dissemos, no Cruzeiro de Pentieiros e desce o lugar da Pregosa, caminho rude, de encosta, quási todo ladeado de pinheirais. Atravessa a Arroteia, topónimo que indica claramente a braveza não muito longínqua do sítio. Depois mete às Ralas. Constitui este lugar uma planície hostil à vegetação; à nossa direita é o terreno encharcado da antiga Lagoa (onde nasce o rio da Vala), drenada há poucos anos para o rio Lima, dada a insalubridade do sítio e a pedido dos seus mais próximos moradores. À esquerda o regatinho da Leira Longa, marginado, à farta, pela vegetação selvagem. Das Ralas, mete o caminho aos tufos bastos de amieiros e, pouco depois estamos da ponte da Faixa, sobre o ribeiro de Esturãos. Trata-se de uma ponte moderna, com parapeitos de cimento armado. Na margem esquerda, gravado na argamassa: O. P. = J. A. E. = 1939. (Obras Públicas—Junta Autónoma de Estradas). Veio substituir uma ponte de madeira que é a mais antiga lembrança das gerações actuais. Mas a velhíssima ponte deveria ter sido outra, que uma cheia maior danificou irremediavelmente.

Neste ponto, o percurso inflete à direita acompanhado a margem do rio Estorãos, através de uma alameda de amieiros, salgueiros e carvalhos.
O rio Estorãos nasce a 325 metros de altitude, possui uma extensão de 14km, drenando uma área próxima dos 5000ha. A sua bacia hidrográfica é, genericamente, delimitada pelas Serras de Arga e Cabração. O seu caudal apresenta por uma forte variação sazonal.
Este rio desempenha um importante papel na conservação da biodiversidade, albergando diversas espécies de conservação prioritária, salientando-se, nos peixes dulçaquícolas, a panjorca, o esgana-gata e a boga-comum. Nos peixes migradores, que sobem o rio até aos locais de desova, destacam-se a truta, a enguia, o salmão e a lampreia-marinha. O rio é ainda importante para várias espécies de anfíbios e aves, como o guarda-rios, cobras-de-água, sendo, igualmente, vital para a lontra.

ARAÚJO, José Rosa (1962). Caminhos Velhos e Pontes de Viana e Ponte de Lima, Junta distrital de Viana do Castelo, Viana do Castelo.

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